sábado, 30 de março de 2013

O manto de sangue - Parte 1



A pedido de Radryna :)
 
Cai a noite, a lua sangra
É tão escuro, que em meio aos arbustos
Vê-se uma figura não humana
Um rosto belo, um olhar assassino
Ao mesmo tempo sem vida e de traços tão finos
Apronta suas presas, fixa o olhar na sombra da lua
Que toma feição de outra mística criatura
Uma bruxa de pele putrefata
Um manto roxo e desgastado
Ditava incognoscíveis palavras.
Runas se formavam ao seu redor
Evocando demônios sobre o solo Profanando
O inferno se fez em terra
O sangue banhava lhe as presas
Diante de vísceras jogadas ao terreno
Finava-se a bruxa guerreira
E com mais uma vitória, se escondeu do amanhecer
A vampira sanguinária que tem por nome Radryna.

domingo, 17 de março de 2013

Além do alento das lentes


"Produção feita em parceria com Felipe Oliveira"

Por entre lentes translúcidas
Que o frio, por capricho, embaça
Vejo as cores refratadas nas asas sintéticas
Da retina que surge delineando os anseios

Formam-se imagens desfocadas
Que não se aproximam ou se afastam
E trêmulo paro em medo
De uma sombra que desconheço.

Nem mesmo o semblante fala mais alto
O teu olhar, mesmo que tímido, mesmo que afoito
É a porta de entrada para os teus segredos
E cano de escape perfeito para teus delírios

Sob sua atmosfera, vi reger meu pulso errante
Ao falar como um mal fático
Turvo olhar me admirou
Sendo essa assinatura que em ar se projetou.

Estou preso no pulsar da tua retina
Sensível ao enfoque luminoso e deletério do desejo
Que fala no corpo, que enrubesce o rosto, deixa-me alheio a mim mesmo
Um mergulho na luz da densa neblina entre nós

Assim me separo de ti
E vou em busca de algo além das lentes
Busco além daquela luz
Que ao fim do dia se faz ausente